sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Adubos orgânicos I

O diferencial da adubação orgânica para com a adubação convencional se baseia na capacidade, que a primeira tem em relação à segunda, de revitalizar o solo, seja química, biológica e fisicamente falando; por isso quem opta pelo implemento de adubos orgânicos, está pensando, a priori, na saúde do solo, do substrato, para que, posteriormente, venha a nutrição da planta. Torna-se, portanto, um investimento lento, não instantâneo, de longa duração.

O principal objetivo dos adubos orgânicos é prover vida ao solo.


Quando os adubos orgânicos são incorporados aos solos, o processo de decomposição produz húmus (ou humo, como também é chamado) -- um produto escuro, de cheiro característico agradável, composto por ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e humina -- e é ele o responsável pelos benefícios da adubação orgânica. Embora nenhuma planta coma húmus, ainda que outrora assim se pensava, este é uma fonte energética essencial para as bactérias, sobretudo as fixadoras de nitrogênio atmosférico e as nitrificantes, cuja importância para as plantas é notória.

Húmus.
As bactérias fixadoras de nitrogênio Rhizobium instalam nas raízes de leguminosas e fertilizam o solo.

Cogumelo decompositor.
Além de introduzir ao solo bactérias benéficas às plantas e de regular a temperatura do solo, os adubos orgânicos aumentam a retenção de água, facilitam a circulação de ar no solo, bem como ajudam na absorção de nutrientes poucos solúveis, como fósforo, e, aumentando a capacidade de troca catiônica (CTC), retêm os nutrientes muito solúveis, que são lixiviados pela água, como nitrogênio, potássio, magnésio. Alguns adubos tem efeito estimulante e hormonal para o desenvolvimento das raízes (E. Malavolta, 2002).

O esterco de curral ou estrume de curral, como também é chamado, é o mais usado e o mais conhecido dentre os adubos orgânicos. A composição química varia com o tipo do animal, com o regime e com a cama utilizada. Em relação ao tipo de animal, os estrumes de ovinos, caprinos e equinos são mais concentrados em relação aos bovinos e aos suínos. Animais adultos, gordos, confinados, hidratados, que se alimentam de ração ou de leguminosas e tubérculos tendem a produzir esterco mais rico em minerais, do que os animais atléticos, magros mal alimentados ou alimentados com gramíneas, palha ou feno. Por parte do tipo de cama utilizada, as mais absorventes são mais ricas que as demais, sem contar a própria composição do material (E. Malavolta, 2002).

Besouro do esterco e esterco.

Geralmente, considera-se que os estercos contém cerca de 0,5% de nitrogênio; 0,2% de fósforo e 0,5% de potássio -- valores relativamente pequenos em relação aos fertilizantes convencionais. Há, no entanto, quem prefira potencializá-los produzindo, então, o estrume artificial, que consiste em levar as fezes à composteira, juntamente com restos vegetais, palha, cinzas e adubos minerais (Salitre do Chile, Calcário, Superfosfatos). Obtém-se, no final, um adubo mais rico em minerais fertilizantes (E. Malavolta, 2002).

Durante a decomposição da matéria orgânica, principalmente das fezes e da urina dos animais e dos restos vegetais,  e quando se é possível realizar a drenagem do composto, há a produção de um líquido escuro e rico em microorganismos chamado de chorume. A composição mineral do chorume é rica principalmente em nitrogênio e em potássio, mas pobre em fósforo (E. Malavolta, 2002).

Chorume extraído de composteira.

Os lodos de esgoto, quando não contaminados com metais pesados (chumbo, cádmo, mercúrio, cromo, entre outros), e após  ter passado por processo de tratamento, são excelentes fornecedores de nutrientes e matéria orgânica. Inclusive, tem efeito pesticida principalmente a nematóides. Tem-se, na média, 4% de N; 2% de P; 0,7% de K; 1,7% de Ca; 0,6% de Mg; 0,3% de S; 0,2% de Cu; 0,2% de Mn e 0,3% de Zn (E. Malavolta, 2002).


Lodo em superfície.

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