quarta-feira, 1 de junho de 2011

Introdução à prática de adubação

É notório que os fertilizantes químicos são alvos de muita polêmica. Indubitavelmente, quaisquer substâncias artificiais produzidas pelo homem são motivo de desconfiança. Os fertilizantes químicos, usados indiscriminadamente, provocam a salinização do solo e não rara intoxicação das plantas, evidenciada pela ''queima'' das raízes, murchamento das folhas e tronco, levando até a morte. Além disso, os fertilizantes, bem como os herbicidas, pesticidas, hormônios artificiais de crescimento, podem poluir os lençóis freáticos. 

Ainda que usados dosadamente, os fertilizantes químicos podem comprometer a vida no solo. Aqueles animais que respiram pela pele, como minhocas, lesmas podem fugir ou até morrer pelo estresse salino, o que se torna um grande problema, porque quebra o ciclo autossustentável de reposição de nutrientes que, por exemplo, o solo florestal tem. Em um solo sem os microorganismos e os animais detritívoros, tem de repor sempre os nutrientes, de modo artificial.


Ciclo bioquímico normal encontrado em florestas e matas nativas.

Para a jardinagem amadora, contudo, é inviável praticar a sustentabilidade de uma floresta devido a complexidade do sistema. Afinal, seria cômico pensar ser possível reproduzir o sistema biológico florestal em um vasos de plástico ou em hortas caseiras. O máximo que se pode fazer é limitar o uso de produtos químicos implementando adubação orgânica, a fim de que se aproxime o solo de jardim ou de um vaso ao complexo solo de floresta. 

Para isso, aplica-se, ao substrato das plantas, de modo que incentive a vida no solo, matéria orgânica em forma de fertilizantes orgânicos (torta de mamona, por exemplo), húmus, esterco ou mulch, que em outra publicação serão citados. 

Ilustração do mulche (do inglês mulch, cuja pronúncia é "móltchi")


O solo enriquecido com essas substâncias oferta um ambiente muito propício para a reprodução de bactérias e fungos benéficos, inclusive pequenos animais, para a reposição e circulação de nutrientes. Não há dúvida, porém, que os adubos orgânicos, frequentemente, estão repletos de vírus e moléstias que atacam as plantas, principalmente as mais jovens, por isso deve-se analisar a procedência do adubo antes de levá-lo às plantas.

Murcha causada pelo fungo Fusarium oxysporum em manjericão (planta da direita).

Mesmo que a adubação orgânica seja feita corretamente, é necessário complementar com formulações químicas, a fim de suprir a carência ou ausência de algum elemento que o composto orgânico tenha. Neste sentido, por mais que um bom jardineiro adote um sistema orgânico de cultivo, ele sempre terá de recorrer aos fertilizantes químicos. Em suma, convêm conciliar a adubação orgânica com a fertilização química, de modo que potencialize a saúde do pomar, viveiro ou jardim e tenha plantas saudáveis e produtoras.

Hortelã plantado por mim em substrato rico em húmus e casca de pínus semi-carbonizada. Foi aplicada ligeira adubação química com uréia e NPK de formulação 10-10-10 + micronutrientes.

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