É notório que os fertilizantes químicos são alvos de muita polêmica. Indubitavelmente, quaisquer substâncias artificiais produzidas pelo homem são motivo de desconfiança. Os fertilizantes químicos, usados indiscriminadamente, provocam a salinização do solo e não rara intoxicação das plantas, evidenciada pela ''queima'' das raízes, murchamento das folhas e tronco, levando até a morte. Além disso, os fertilizantes, bem como os herbicidas, pesticidas, hormônios artificiais de crescimento, podem poluir os lençóis freáticos.
Ainda que usados dosadamente, os fertilizantes químicos podem comprometer a vida no solo. Aqueles animais que respiram pela pele, como minhocas, lesmas podem fugir ou até morrer pelo estresse salino, o que se torna um grande problema, porque quebra o ciclo autossustentável de reposição de nutrientes que, por exemplo, o solo florestal tem. Em um solo sem os microorganismos e os animais detritívoros, tem de repor sempre os nutrientes, de modo artificial.
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| Ciclo bioquímico normal encontrado em florestas e matas nativas. |
Para a jardinagem amadora, contudo, é inviável praticar a sustentabilidade de uma floresta devido a complexidade do sistema. Afinal, seria cômico pensar ser possível reproduzir o sistema biológico florestal em um vasos de plástico ou em hortas caseiras. O máximo que se pode fazer é limitar o uso de produtos químicos implementando adubação orgânica, a fim de que se aproxime o solo de jardim ou de um vaso ao complexo solo de floresta.
Para isso, aplica-se, ao substrato das plantas, de modo que incentive a vida no solo, matéria orgânica em forma de fertilizantes orgânicos (torta de mamona, por exemplo), húmus, esterco ou mulch, que em outra publicação serão citados.
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| Ilustração do mulche (do inglês mulch, cuja pronúncia é "móltchi") |
O solo enriquecido com essas substâncias oferta um ambiente muito propício para a reprodução de bactérias e fungos benéficos, inclusive pequenos animais, para a reposição e circulação de nutrientes. Não há dúvida, porém, que os adubos orgânicos, frequentemente, estão repletos de vírus e moléstias que atacam as plantas, principalmente as mais jovens, por isso deve-se analisar a procedência do adubo antes de levá-lo às plantas.
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| Murcha causada pelo fungo Fusarium oxysporum em manjericão (planta da direita). |
Mesmo que a adubação orgânica seja feita corretamente, é necessário complementar com formulações químicas, a fim de suprir a carência ou ausência de algum elemento que o composto orgânico tenha. Neste sentido, por mais que um bom jardineiro adote um sistema orgânico de cultivo, ele sempre terá de recorrer aos fertilizantes químicos. Em suma, convêm conciliar a adubação orgânica com a fertilização química, de modo que potencialize a saúde do pomar, viveiro ou jardim e tenha plantas saudáveis e produtoras.
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| Hortelã plantado por mim em substrato rico em húmus e casca de pínus semi-carbonizada. Foi aplicada ligeira adubação química com uréia e NPK de formulação 10-10-10 + micronutrientes. |




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